quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Consciência Humana

Eu sou assim
Essa mente que em vão sonha
Perdida em delírios de festim
Mente descomunal, humana
Saber o que quer enfim
É o seu principal grande drama
Labirinto sem inicio, sem fim
Gasto pelas teorias mundanas
Debilmente arquitetado bem no meio
De um jardim sombrio
De onde pássaros de asas raras
Não podem voar
Pois seus cantos ecoam
Versos dementes, tardios

Mente humana, confusa, calada
Turbilhão de mil pensamentos
Recôndito por onde a vida passa
Revolto remanso dos sentimentos

Mente humana
O ser humano te olha inquisidor
Vacilante entre o desejo de saber
E a dúvida da resposta
O que lhe causa peculiar rancor:
Em ser uma espécie pensante, terrena
Ainda que insignificante, pequena
Mas que, do auge de sua inocente certeza de superioridade,
Considera-se portadora de angustiante dor –
A consciência maior de sua mortalidade

Benevolente Escravidão

Geme, escravo maldito!
Meu chicote te morde a pele
E arranca teu sangue
Com açoite e destreza

Geme, maldito, herdeiro do Cão!
Hoje, ou te mato nesse tronco,
Ou te arrojo nesse chão

Beija o chicote antes que ele estale
Os lábios látegos nessas tuas costas fendidas
Sinta o gosto do teu próprio sangue
Veja como ele deságua
Vai me pagar por cada gota do meu suor
Por eu estar aqui, a te açoitar

(Chicote, lépido, fremente no ar, estala
Negro se contorce)

Vamos, negro maldito
                Chore
                Implore
Basta pedir perdão
pois teu Senhor é cristão benevolente
                e te castiga somente
                para que tu não te percas
                em vão