the winter is comming
o inverno está chegando
uivam os ventos
carregados do norte
os corpos
com cheiro de Verão
se arrepiam
como uma alcateia no cio
do alto de uma Torre
um menino com asas de corvo
despenca
em direção a um abismo de sonhos
os ventos açoitam sua face
“as coisas que
faço
por amor”
“às coisas
que
faço por amor”
“há coisas
que faço por amor”
*
arya stark
o fantasma de Harrenhal
se esgueira pelas sombras
escorrega pelas vielas
descalço de silêncio
sussurra nomes
que somem
(um homem... dois homens...)
e batalha bravamente
numa incessante quimera
já foi a indômita donzela Cara de
Cavalo
e Arry menino
para poder vestir o Negro
Cabeça de Caroço
quando se mostrou valente guerreiro
Doninha
pra poder viver na lida
e até mesmo Nan -
a loba Nymeria
dançarina das águas
flui como lagrima furtiva
nos pequenos olhos da bravura
*
Jon Snow
o lobo bastardo
fruto do sêmen do Inverno
de uma manhã quente
sem nome
um grito de gozo
“snow!”
suas patas silenciosas
suas garras delirantes
cria de si mesmo
com seus olhos rubros
irmão negro
sem direitos e herdeiros
peregrina na defesa de Westeros
em seu amparo
Garralonga
a espada bastarda
do Velho Urso Comandante
com semblante de corvo
cria de uma mãe
que não tem nome
nem rosto
a mácula de uma honra decapitada
um segredo impermeável e frágil
um filhote desgarrado
entre a alvura do gelo
das presas
escorre o sangue de
uma presa
no corpo
corre o sangue gélido e secular do Norte
e dos selvagens antigos
sente cheiros invisíveis
e ruídos taciturnos
e eriça o pelo
furioso no pressentimento
a lembrança amarga
de uma vida não vivida
e a semente inócua
tão infértil
quanto o solo inóspito
além-norte de Winterfell
*
tyrion lannister
o pequeno demônio siamesco
tem três olhos
um verde
um negro
e um sábio e mordaz
mão do rei
pulso forte
em braços atrofiados e pequenos
o membro sedento
e as mãos de Shae
um amor comprado
uma ilusão necessária
num mundo de hostilidades
entre o carmesim
e a verdade sem verdades
e o cinza sem mentiras
gris como a maldade
e a corte de intrigas
e os mercenários selvagens
entre uma aranha eunuco
e um Mindinho empoado
entre as pernas abertas
o amor impossível e a luxuria
transitando entre tantos lados
astucioso na inocência
tão santo e casto
quanto um bordel
em tempos de guerra
tão honroso e vil
quanto títulos e honrarias
o duende Lannister
entre o bem e o mal
que não existem
ardiloso na justiça
*
BALADA DA DONZELA com CÃO DE CAÇA
I
presa na masmorra
do coração
a donzela chora e chora
a cada mágoa
a dor de
uma ilusão
chora e sonha
sonhos em floreios
bravos cavaleiros
vive o amor perfeito
na ânsia
louca da paixão
o fero afago
real e
carmesim
fere fel
e um doce amargo
- por que
choras, passarim?
o amor sangra
e se derrama
em ódio e fúria
dentro de
mim
donzela eu fui
donzela eu
era
mas agora
a flor que
medra
é rude e pálida
um vil cetim
o meu príncipe
virou um
rei
e agora
eu já nem sei
quem virá em meu socorro:
se um
cavaleiro ébrio, bobo e delirante
se um cão
de caça beligerante
se o
cavaleiro das Flores
ou mais
horrores
ou então a
morte
a me
redimir...
II
as dores que tu cantas
em lamentos ritmados
já ouvi outras tantas
em versos antepassados
sei que me face te espanta
mas olhe no fundo dos meus olhos
vês esse vazio em carne viva?
assim ficará teu coração
cada vez mais negro
cada vez mais rijo
e desse teu pequeno rosto
não se verá vislumbre de um sorriso
só o esgar
vergonhoso e ridículo
por amares tanto
o que deveria ser odiado
por fantasiares tanto
um mundo hediondo
é uma pena, passarim
não para eles
não para nós
não para mim
que acabes assim
e que nem o mais louco dos bardos
escreva uma canção sobre ti
*
Uma Canção de Verão
amei um donzela
linda como o verão
com luz do sol nos cabelos
seus olhos de verão
e seu cheiro veraneio
Deitar sobre o seu corpo
era como espraiar-se pelas águas
amei um donzela linda
radiante como o verão
seus cabelos ourossol
derramavam-se pelos seus ombros alvos
e seu rosto se escondia
em sombras cinzas-amarelas
e seu sorriso se expandia
um convite em segredo
Amei uma donzela
numa noite de verão
as estrelas salpicaram nossos corpos salinos
de aguamar, areia e orvalho
Exaustos, deitamos sobre a superfície do Sol
vazios e completos do nosso amor
Passou-se Primavera, Outono, Inverno...
Outro Verão...
Até que ela se foi
arrebatada de meus braços
por uma onda mortal
Eu afoguei o mar
com as lágrimas da lembrança:
amei uma donzela linda como verão