terça-feira, 8 de novembro de 2016

Meninos em Fúria

Meninos em estado de fúria
Brigam, se encontram
Dançam, se debatem
Por diferentes cantos da cidade
Um punk negro
Grita em meio a multidão
Que há pânico em SP
Que há punk em SP
Seu grito ecoa pichado pelos muros urbanos
Da cidade maldita
Onde muitos de seus filhos já nascem
Com as marcas do abandono e do descaso
Para sobreviver
 Mas também para se divertir
Meninos em fúria se reúnem sob os signos
Aparentemente diversos de gangues
No metrô, nas linhas de ônibus
Não se anda sozinho
Se quiser voltar pra casa ileso
A rotina? O perigo iminente talvez na próxima esquina:
Uma insígnia de uma gangue adversária
Ou a polícia sempre sedenta por violência
Do alto de sua autoridade bruta
Mais um menino em fúria tombou
Acordem a cidade!
Seu corpo – uma massa informe de couro preto e sangue escuro
A música toca não a marcha fúnebre
Mas um som rápido, ligeiro
Cheio de fúrias
E de letras que fazem estremecer de tanto desabafo
Meninos dançam como quem briga
Meninas brigam como quem dança
Há muita vontade
Há muita confusão de corpos desejos violência prazer dor e medo
Meninos em fúria
Sem aparente razão celebram a Vida
O Punk
O Rock
A Música