Ei, garoto
Para onde você vai
Com esse olhar cheio de mágoas
E esses sonhos todos amassados
No bolso da calça?
Ei, garoto
Você sente mesmo pena dos
soldados
Que lutam e morrem em guerras?
Mas você sabe que todos os dias
Você também luta e morre
Por ideais em que você não
acredita
Ei, garoto
Quem sabe um dia
Você não ganha sua própria
medalha
Por fazer aquilo que quer
Ei, garoto
Para onde você vai
Se arrastando por aí
Com essa cara de cachorro
escorraçado?
Será que não consegue sentir
O cheiro dela no vento abafado
que sopra?
Ei, garoto
Para que toda essa marra
E esses papéis?
Onde estão os seus amigos?
E o que eles, o que vocês
sonhavam?
Uma féria por ano e carteira
assinada?
(Não, não, você deve estar
brincando...)
Ei, garoto, o que fizeram com
você?
Por que você permitiu que aqueles
velhos
Lhes colocassem gravatas de nós
apertados?
Será que nunca ouviu a canção não se foge da luta?
Ei, garoto
Por que se enganar
Ignorando a glória
E os holofotes sobre o ídolo rock
star?
Você não toca guitarra e, hilário
dizer, mas também não sabe cantar
Faz rimas tão óbvias que suas
queixas parecem refrões
De música pop
Ah, sim, me desculpe
Sua geração não fala de
acontecimentos históricos
Para contar histórias de amor
Só aprenderam a serem cínicos e
céticos
Sua geração de ironia estéril
Ninguém viu vocês na TV
Já que vocês se escondem é na
internet
Esse labirinto metafórico dos
seus anseios
Ei, garoto
Ah, a vida não presta?
Então pra que essa pressa de quem
tem certeza de que jamais vai morrer?