(inspirado na canção homônima de Bob
Dylan, álbum Blood on the tracks)
E o vento
estúpido
sopra minha voz
pra longe de mim
E quem vai
querer ouvir
essa voz rouca
e fraca
arrastada pelo vento estúpido
feito folha seca fora de rumo
E o vento
estúpido
sopra meu canto
pra longe de mim
mas entre as árvores altas
e o estalar
dos galhos
que se quebram
posso ouvir o Silêncio
ecoando
dentro de mim
E quem vai
querer ouvir
essa voz vagando por aí
O vento
estúpido
arrasta a folha seca
da árvore
a folha
seca
em branco
do caderno
faz tombar a garrafa vazia
e a alegria
embriagada
e a cabeça
do homem
sentado na janela
E ele sente
o vento estúpido
que sopra
sempre forte
cada vez
mais
como se o
mundo
as pessoas
fossem frágeis gravetos
prestes a quebrar
E quem vai
querer ouvir
essa voz
rouca e fraca
arrastada
pelo vento estúpido
E quem vai
querer ouvir
uma
voz
um
lamento
de mais um prestes a cair
E o vento
estúpido
(que tudo ignora)
sopra meu
canto
pra longe de mim
E de boca aberta
prestes a cair
(pela última vez)
um vento estúpido
sai dos
meus lábios
... pela última vez