segunda-feira, 29 de julho de 2013

E (X) {PERIMENTO LABORIAL Nº17}

antes do Universo
o verso do aquário outonal
bexigas e lulas
fazendo revoluções nos tornozelos
na poesia
los pequeños
la cola
el negruzco
vinde a mim
e eu os encaminharei pelo Vale das Sombras da Morte morangos mofados estrellas silvestres olor de aurora de banheiro grilos mentindo sorridentes a vida por eles vão os cri cri das bucetas encrespadas y el vagido de los ordenadores melancólicos la libertad de estudiar los sexos examinando feridas com celulares doismegapixels Verão Discos Redes Sociais !!!!! He visto ángeles violentos desposando vírgenes de la vejez Velásquez Piva Pizza Ghost de trapos xamânicos em Transe na Terra da Garoa Ácida Metralhadoras delirantes Vão frias pelos mares Da queda ao coice o grito sozinho a viagem no organismo vivo DNA ONU e terremotos tridimensionais Na sala de jantar cadáveres Sacis Pererês sodomizando enfermos de Halloween ¿Oh sed inmortal? Calles de framboesa El hambre mercúrio e o sol em suspiros de supernovas... doble uve doble... v.... VV....w... martirios encendidos Se los llevas las olas de cristales Ojas trabajando en dormitorios descubiertos Solo Malo Vecino los oídos del ayer Los Versículos Los Testículos Los Testigos el árbol de silicio tres chinos tristes para tez tigres tres Momos glaciais Harlow! Nicolélis naco (plato) de lis Purê de silicone com limonada de préssal Limosna de Monja congoja de nicotina /-/-/-/ fazem asas sem pernas Vibradores com chagas Cartões de crédito de poeira cósmica Una chica adormecida demuestra al Einstein los punteros retrógrados del volcán argentino ¿!?¡ En un matadero de São Paulo Preto Velho e Pan tragan palomas En una Isla del Brasil una iglesia sobre as ruínas de um lençol inglês Brick by Brick la mano tropieza en la cola de dios Jueves Winter(I)Fell O fel Némesis
la bruma lejana
el continuo espacio-temporal
drinks de Cannes
la hoguera de la Inquisición de la Democracia Humana
ventos velas besos belas muertos mierdas
ATCHIN ATCHIN ATCHIN: ¡!
todo más excepto los síntomas sin escalofrío

terça-feira, 16 de julho de 2013

O ESQUELETO

Entre as roupas mofadas com cheiro de naftalina, o esqueleto estava pendurado num cabide especial.
A pele abriu a porta do armário e, tocando a textura das roupas penduradas, sentiu a frialdade da estrutura de cálcio. Pegou o esqueleto e o vestiu.
Após acomodar as partes e alisar as dobras e amassados, olhou-se no espelho: ajeitou as órbitas oculares e os ombros que estavam em desarmonia com o resto do corpo.
Abriu uma gaveta na penteadeira e escolheu uma peruca. Cabelos pretos, fios longos. Acomodou as têmporas e se penteou sem muita convicção.
Calçou os sapatos que lhe vieram obedientes.
Abriu o armário novamente e demorou um pouco na escolha do figurino. Repreendeu-se: sempre se esquecia de se vestir antes de colocar o calçado. Para não ter que tirar os sapatos, escolheu uma calça ou um short de boca larga.
Foi até a beira da cama onde, sobre os lençóis amarrotados, estava uma caixinha de joias. Apertou um trinco. A caixinha se abriu. Entre o brilho das joalherias, aspirou a pérola ciano. Sentiu o corpo inflar completamente. A circulação sanguínea e os estímulos nervosos. Encheu os pulmões de ar e inspirou ruidosamente. Animou-se.
Enfiou o revólver no bolso da blusa e foi para rua. Em busca de um novo figurino – um novo esqueleto.


segunda-feira, 8 de julho de 2013

PINK FLOYD

fluídos rosas

no céu morto de pompeia

a luz escarlate

o chão

tingido de cinzas

na memória

de cada fóssil

a sombra aprisionada

no espaço

terça-feira, 2 de julho de 2013

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Insônia Onírica


Deito às 22h33. E acordo às 08h27. Nem todo dia, mas geralmente. Apesar disso, tenho dormido pouco. Dormido mal. Até deito e durmo e só acordo noutro dia. Mas acordo com sono, acordo cansado. Tenho sonhado muito, e durante os sonhos percebo que estou sonhando. Então estou acordado, o tempo todo, numa espécie de insônia onírica. Durmo um sono insone. Acordo, e sinto que não dormi. Sonho, logo me vejo. Em sonho. Não durmo. Malsonho. E me vejo neles. Sei que estou sonhando. E no dia seguinte desperto com dor de cabeça e irritado.

Não dormi. Sonhei. Acordado. Sempre desperto. Numa vigília infernal.

Queria dormir e não sonhar. Ou ao menos sonhar e não saber que estou dormindo.

As pessoas nos meus sonhos, elas não têm rosto. Mesmo assim, sei quem elas são. Imagino. Até mesmo as que desconheço. Tudo em preto-e-branco. As imagens. O sonho. Em escala cinzenta, meio desfocado. Amorfo. Sem foco. Sem forma.

Nem pessoas, nem outros seres ou imagens. Quando malsonho, são “coisas” informes. Palavras. Apenas evocam pessoas, lugares, acontecimentos... uma infinidade de artigos e repertórios oníricos. E eu sempre no meio. Sendo sonhador e sonho ao mesmo tempo.

Malsonho que estou morrendo. Não sei exatamente como mas vai caindo em cima de mim, me apertando, me esmagando. Cada vez mais. Impiedosamente. Estou morrendo esmagado, sufocado, quebrado, comprimido. Morto. Droga! Mesmo ciente de que é apenas um sonho, isso dói. Assusta. A morte que sonha com a gente. E amedronta.

A Morte sonha comigo. Eu tento fugir. Escapar. Acordo assustado. Respirando com esforço. Tentando me acalmar. Malsonho que ela sonha comigo. Não. De novo não. Quero sonhar sem estar desperto.

Me cubro. Me escondo. De quem? Se tudo escuro. Silêncio. Apreensão. Estou sendo perseguido. Mas por quem? No mar, na cama, num pântano. De algas cinéreas. No fundo, um mergulho, centopeias de fogo. Então corro. Frenéticas.

Acordo. Não durmo, se sonho.
Palavras – imagens – sinais – anônimos
Levanto. Não caio. Ando por um solo movediço. Violeta. No sonho o escuro é violáceo. Em escala cinza. Escorregadio. Difícil de se manter em pé.

Espera! Não sinto. Não vejo. Será que durmo sem saber que durmo? Ou sonho sem saber que sou sonhado?

Acordo. Não digo.
As palavras
Se dormi – sonhei
não sei
talvez

Malsonho do mundo
e a luz eternamente apagada