segunda-feira, 1 de julho de 2013

Insônia Onírica


Deito às 22h33. E acordo às 08h27. Nem todo dia, mas geralmente. Apesar disso, tenho dormido pouco. Dormido mal. Até deito e durmo e só acordo noutro dia. Mas acordo com sono, acordo cansado. Tenho sonhado muito, e durante os sonhos percebo que estou sonhando. Então estou acordado, o tempo todo, numa espécie de insônia onírica. Durmo um sono insone. Acordo, e sinto que não dormi. Sonho, logo me vejo. Em sonho. Não durmo. Malsonho. E me vejo neles. Sei que estou sonhando. E no dia seguinte desperto com dor de cabeça e irritado.

Não dormi. Sonhei. Acordado. Sempre desperto. Numa vigília infernal.

Queria dormir e não sonhar. Ou ao menos sonhar e não saber que estou dormindo.

As pessoas nos meus sonhos, elas não têm rosto. Mesmo assim, sei quem elas são. Imagino. Até mesmo as que desconheço. Tudo em preto-e-branco. As imagens. O sonho. Em escala cinzenta, meio desfocado. Amorfo. Sem foco. Sem forma.

Nem pessoas, nem outros seres ou imagens. Quando malsonho, são “coisas” informes. Palavras. Apenas evocam pessoas, lugares, acontecimentos... uma infinidade de artigos e repertórios oníricos. E eu sempre no meio. Sendo sonhador e sonho ao mesmo tempo.

Malsonho que estou morrendo. Não sei exatamente como mas vai caindo em cima de mim, me apertando, me esmagando. Cada vez mais. Impiedosamente. Estou morrendo esmagado, sufocado, quebrado, comprimido. Morto. Droga! Mesmo ciente de que é apenas um sonho, isso dói. Assusta. A morte que sonha com a gente. E amedronta.

A Morte sonha comigo. Eu tento fugir. Escapar. Acordo assustado. Respirando com esforço. Tentando me acalmar. Malsonho que ela sonha comigo. Não. De novo não. Quero sonhar sem estar desperto.

Me cubro. Me escondo. De quem? Se tudo escuro. Silêncio. Apreensão. Estou sendo perseguido. Mas por quem? No mar, na cama, num pântano. De algas cinéreas. No fundo, um mergulho, centopeias de fogo. Então corro. Frenéticas.

Acordo. Não durmo, se sonho.
Palavras – imagens – sinais – anônimos
Levanto. Não caio. Ando por um solo movediço. Violeta. No sonho o escuro é violáceo. Em escala cinza. Escorregadio. Difícil de se manter em pé.

Espera! Não sinto. Não vejo. Será que durmo sem saber que durmo? Ou sonho sem saber que sou sonhado?

Acordo. Não digo.
As palavras
Se dormi – sonhei
não sei
talvez

Malsonho do mundo
e a luz eternamente apagada



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